Königsberger Vannucchi Arquitetos Associados: Edifício Platina 220, São Paulo

O projeto de uso misto, concebido pelo escritório paulistano Königsberger Vannucchi Arquitetos Associados, buscou atrair mais empresas para a zona leste de São Paulo e, com isso, diminuir deslocamentos dos moradores dessa região em direção a outros pontos da capital. Para atender à demanda, há lajes corporativas (250 a 500 metros quadrados) na parte superior e conjuntos comerciais, com salas entre 26 e 49 metros quadrados, na parte intermediária da edificação. Foram criadas, ainda, 18 lojas no térreo (compondo uma fachada ativa), 190 suítes de hotel e 80 unidades residenciais no terço inferior e dois pavimentos destinados ao lazer e a um heliponto.

Essa distribuição do programa de necessidades gerou uma torre de 49 andares e 172 metros de altura, que ocupa desde a sua inauguração, em 2021, o posto de edifício mais alto da cidade de São Paulo. Os arquitetos tiraram partido do Plano Diretor de São Paulo de 2014 para atingir todo o potencial construtivo da proposta (são mais de 57 mil metros quadrados de área construída). O empreendimento faz parte do Eixo Platina, projeto de urbanização da Porte Engenharia e Urbanismo na região, que conta com a parceria do escritório paulistano.

Foram oito anos, entre projeto e construção, para que o Platina 220 fosse concluído. Conquistou, ainda na etapa de projeto, o selo internacional de sustentabilidade AQUA-HQE, da Fundação Vanzolini. Sua volumetria marcante é consequência de variadas soluções arquitetônicas, entre elas o uso de fachada ventilada com porcelanato (tamanho 60 x 120 cm) da marca Portobello, que permitiram conforto térmico no interior e durabilidade no exterior.

O sistema de fachada ventilada não encosta nas paredes internas, criando uma camada que proporciona maior economia de energia, com a redução do uso de ar-condicionado e da necessidade de iluminação artificial, além de mais possibilidades de aberturas.

As alturas piso-laje são maiores a partir do 25º pavimento do edifício, pois as salas corporativas precisavam ter um pé-direito maior. Assim, a modulação das peças de porcelanato, juntamente ao dimensionamento das janelas, foi eficaz ao “esconder” essa diferença na envoltória. O revestimento cerâmico foi essencial também para amenizar a reflexão do sol sobre o entorno, o que não ocorreria no caso de uma especificação de vidro.

O volume prismático central tem ocupação majoritariamente corporativa e destaca-se por sua tonalidade clara, além da composição dinâmica de terraços e janelas em toda a sua extensão, que produz efeito interessante de luzes e sombras e “quebra” a regularidade do monólito. Foram aplicados 22.380 metros quadrados do Superquadra Cru, produto desenvolvido pela Portobello a partir da ideia de versatilidade do concreto, material recorrente na arquitetura moderna e contemporânea.

O conceito por trás de Brasília e suas superquadras, de não limitar os espaços, criar superfícies contínuas e com permeabilidade de movimento, foi a grande inspiração. O resultado foram grandes placas de concreto moldadas sobre fôrmas metálicas, formando uma superfície com movimento de tons e pequenos pontos impressos aleatoriamente pelo ferro da fôrma.

Preservando a verticalidade do projeto, como se fossem apoios, os três blocos laterais são mais baixos e mais escuros, contando com os produtos das linhas Superquadra, Ms Barcelona e Steel, da Portobello. Eles envolvem as faces dos volumes residencial (5.526,95 metros quadrados), comercial (5.322,46 metros quadrados) e hoteleiro (6.896,32 metros quadrados), respectivamente.

Com estrutura de aço e vidro, as lojas foram posicionadas nas extremidades do terreno de 6,4 mil metros quadrados, no nível térreo, permitindo a permeabilidade visual e espacial por meio de suas faces transparentes e amplas calçadas perimetrais. Em sua cobertura, um espaço aberto e privativo serve de lazer para os usuários do edifício. Os acessos independentes a cada uso da torre são voltados para a via principal, a rua Bom Sucesso. Os arquitetos implementaram uma estratégia que permitiu que as circulações de cada grupo de andares não se cruzem, com independência para cada uso.