Natural de Rio Claro, Bruna iniciou sua trajetória profissional aos 17 anos, logo após concluir o ensino médio, para custear a faculdade de Engenharia de Produção.
Sua primeira experiência profissional foi como vendedora em uma livraria no shopping da cidade. Pouco tempo depois, foi promovida a vendedora trainee. Essa vivência revelou duas de suas principais afinidades: ler e ensinar. “Eu lia muito para conhecer os livros e poder recomendá-los com segurança aos clientes. Hoje a leitura é um de meus hobbies”, ressalta.
Em 2013, já no segundo ano de graduação, viu no mural da universidade uma vaga de estágio na Villagres e decidiu se candidatar. Seu desejo inicial era atuar na produção, mas foi selecionada para o setor de Sistema de Gestão da Qualidade. A oportunidade ofereceu uma visão ampla e estratégica da empresa e reconhece o quanto isso foi positivo. Sua conexão com a área da qualidade é profunda. “Não há espaço para monotonia. Sempre há algo a melhorar.” Ela percebe a evolução a cada auditoria, reunião e treinamento, e vê nisso um combustível constante para seguir em frente.
Após concluir sua graduação, foi efetivada como Analista da Qualidade, e hoje ocupa a liderança do Sistema de Gestão da Qualidade da Villagres, atuando diretamente nas certificações ISO e de produto, além do monitoramento de processos. Mais recentemente, assumiu também o Planejamento e Controle de Produção (PCP), uma função que exige equilíbrio fino entre áreas, negociações constantes e profundo entendimento do negócio.
“Meu gestor sempre me deu muito espaço. Desde o início, tive autonomia para sugerir, implementar melhorias e testar ideias”, afirma.
A comunicação tornou-se uma de suas principais marcas. À frente de uma equipe formada por uma assistente e um analista de PCP/SGQ, Bruna valoriza o fator humano na liderança. Gosta de explicar a lógica por trás das decisões, incentivar o desenvolvimento profissional e cuidar da saúde mental dos colaboradores. Por isso, tem se dedicado ao aprimoramento em ferramentas de gestão de pessoas.
Atualmente, está cursando sua 2ª pós-graduação, um MBA em Gestão de Pessoas na USP ESALQ. Também participou de mais um programa de desenvolvimento de gestores da Villagres, ministrado pelo gerente de Recursos Humanos Pablo Beloni e é mentorada do consultor Celso Joaquim. “São profissionais excepcionais, receptivos e generosos com seus conhecimentos”.
Mulheres na indústria: um espaço a ser ampliado
Bruna observa que a presença feminina no ramo cerâmico é mais expressiva nas áreas administrativas, ainda havendo poucas mulheres no chão de fábrica. Para ela, ampliar essa representatividade é essencial para fortalecer o setor. Diversidade, acredita, traz perspectivas complementares e impulsiona inovação.
Sua própria participação na Iniciativa Mulheres na Indústria Cerâmica é reflexo dessa consciência. Bruna foi uma das profissionais que mais se preparou para a entrevista: revisitou sua trajetória, leu materiais anteriores e até antecipou as possíveis perguntas — um retrato da disciplina e seriedade com que encara sua carreira.
Indústria cerâmica: desafios e futuro
Para ela, o principal desafio para a indústria no futuro é a escassez de recursos naturais — mesmo o gás natural. Acredita que os estudos voltados à utilização de matérias-primas e fontes alternativas de energia são essenciais para a sustentabilidade do setor. “Individualmente, o grande desafio de cada fábrica é a diferenciação - tanto do produto quanto do serviço agregado. Além disso, a capacidade de ajustar oferta e demanda com precisão, papel crítico da interface entre qualidade e PCP, é essencial para a valorização dos produtos do setor”, completa.
Encantada pela inovação e pela tecnologia presentes na indústria cerâmica, Bruna planeja continuar crescendo nessa área e expandir sua atuação. “Hoje estou líder e quero continuar evoluindo, agregando novos processos e aprendizados.”
Essência transformadora da liderança
Bruna encerrou a conversa com uma reflexão:
“O sucesso é relativo. Ele está na busca constante por conhecimento, com disciplina e bons hábitos. É preciso ter coragem - coragem para assumir novas responsabilidades, reconhecer que não sabemos tudo e aprender com nossos erros.”
Ela também fez questão de abordar o impacto das comparações na vida profissional: “Cada profissional tem seu tempo e suas ambições, a comparação e a autocobrança deveriam dar lugar à admiração para que possamos espelhar as características positivas daqueles que nos cercam”.
E concluiu com a maturidade de quem conhece o caminho que trilhou e o que ainda deseja construir:
“Os profissionais que vieram antes de mim abriram caminhos que hoje eu trilho. Quero acreditar que, nesses 12 anos, também abrirei caminhos para quem virá depois.”