Desempenho observado em 2021 deverá arrefecer em 2022, devido ao constante impacto nos custos de produção e logística, com forte influência da majoração do gás natural.
O aumento dos custos de produção e logística para o setor preocupa as empresas nacionais, informa a Anfacer (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres). Após dois anos de crescimento consistente, puxado por exportações recordes e aquecimento do mercado interno, a perspectiva para 2022 é de um período desafiador.
Projeções indicam que as vendas totais do ano poderão somar 1,022 bilhão de metros quadrados, diminuindo 1% em relação ao 1,032 bilhão registrado em 2021. Esta será a primeira queda desde 2019, período anterior à pandemia.
Este ano, a Anfacer prevê, ainda, que os ganhos setoriais sejam anulados pelo impacto da alta na inflação. Para 2022, a estimativa é de retração de 1,8% no mercado interno e aumento de 4,4% no externo, com exportações de 136 milhões de metros quadrados. O cenário é permeado de incertezas nos planos nacional e internacional, como a instabilidade geopolítica relativa ao petróleo e gás.
A indústria cerâmica vinha acompanhando a tendência de alta do mercado de construção civil, que, além dos novos produtos imobiliários, beneficiou-se do aumento significativo do número de reformas em casas e apartamentos, no ápice da pandemia. Além disso, as empresas do segmento realizaram investimentos consideráveis na expansão e modernidade do parque fabril, consequentemente agregando mais qualidade de design e inovação aos produtos nacionais.
O cenário energético desafiador é o principal gargalo, por conta da postura do empresariado, que fez investimentos com base na expectativa gerada pelo PL 6407/2013, o Novo Marco Regulatório do Gás Natural, que não foi correspondida. O insumo, que representa cerca de 30% dos custos de produção do setor, teve aumento aproximado de 80% no Sul e 60% para o Sudeste, principais polos produtivos de cerâmica, no decorrer do último ano. Por esses motivos, a Anfacer alerta para o problema da majoração.
“O preço do gás natural, que já sofreu reajustes significativos ao longo de 2021, tornou-se um fator ainda mais preocupante em 2022, com a elevação em cerca de 50% nos novos contratos anunciada pela Petrobras”, afirma Benjamin Ferreira Neto, presidente do Conselho de Administração da Anfacer. No Brasil, o segmento de cerâmica é o segundo maior consumidor industrial de gás natural, cuja molécula já é uma das mais caras do mundo. “A nova política de precificação da Petrobras impactará de maneira drástica o setor”, resume o dirigente.
“Ao adotar o gás natural no setor cerâmico, contribuímos para evitar a emissão de 4,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera em dez anos. É como salvar do desmatamento uma área de florestas equivalente a 8.861 campos de futebol ou reduzir a emissão de mil carros percorrendo 876 voltas ao redor da Terra”, diz Ferreira Neto.
A entidade foi uma das protagonistas na longa trajetória que culminou com a promulgação da Lei do Gás, avanço que deveria reduzir os custos, mas ainda sem efeitos práticos. “Em nosso país, o insumo já é muito mais caro do que em outras nações e na média do mercado global, impactando nossa competitividade”, ressalta Ferreira Neto.
As matérias-primas tiveram seus preços inflacionados, impactados pelo cenário pandêmico e pela variação cambial, pois há parte significativa de insumos importados. No ano passado, os custos totais com materiais de embalagens estavam estáveis, mas em 2022 o preço médio já subiu cerca de 65%. De 2020 para 2021, o plástico filmestretch, usado nas embalagens, aumentou 135%, por exemplo. Materiais de manutenção e peças de reposição, muitos importados, também sofreram encarecimento expressivo.
Outro custo que sofreu encarecimento significativo foi o frete marítimo. Informações divulgadas pela Drewry para contêineres de 40 pés, indicam que, no comparativo de janeiro de2022 com o mesmo mês de 2021, houve aumento de 79,4%. Em relação a janeiro de2020, foram 443,6%.
Para a Anfacer, o cenário global de crise de logística e de contêineres é desafiador. Já existem mercados, como Chile e Argentina, para os quais a indústria tem escolhido o frete rodoviário para garantir as entregas previstas nos contratos. “Em decorrência do aumento de custos e escassez de contêineres, o frete rodoviário torna-se uma opção para garantir a entrega aos clientes”, analisa Ferreira Neto.
Balanço de 2021
Apesar da insegurança gerada pela sombra da majoração do gás natural e obstáculos como câmbio, desvalorização do Real, frete, encarecimento do petróleo, IGP-M e da crise hídrica, que pressionamos custos de produção e logística, os indicadores revelam que a produção do setor foi de 1,048 bilhão de metros quadrados, considerando os resultados acumulados de janeiro a dezembro de 2021. O volume representa crescimento de24,8% em relação ao mesmo período de 2020, segundo a Anfacer.
Na mesma base de comparação, as vendas totais tiveram expansão de 12,2%, chegando a 1,032 bilhão de metros quadrados. No mercado interno, esse crescimento foi de 9,2%, alcançando 901,9 milhões de metros quadrados. As exportações alcançaram um recorde histórico em abril e somaram, ao longo do ano, 130,3 milhões de metros quadrados, uma alta de 38,5% em relação a 2020.
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