A Anfacer foi uma das apoiadoras institucionais do evento, cuja cerimônia foi realizada na FIESP, no último dia 02 de julho.
'Melhora do câmbio depende de retomada firme da economia e do exterior', diz economista (via EstadaoEconomia)
Segundo Roberto Secemski, projeção de dólar cotado a R$ 3,90 no fim do ano pode ser alterada conforme o avanço da guerra comercial entre EUA e China e da discussão da questão fiscal no Brasil.
A moeda brasileira tem flutuado conforme o humor global? São fatores externos que justificam a desvalorização do real recentemente?
Acho que não é o momento. Seria mal recebido. A alternativa que tem sido noticiada, de fazer pela PEC 438, pela regra de ouro, seria uma alternativa bem melhor do que mudar o teto de gastos - introduzir limitações, os gatilhos (nas contas públicas, previstos no teto), via regra de ouro. A PEC de teto de gastos do jeito que foi escrita não dispara gatilhos porque não deixa o Orçamento ficar em discordância com o teto. Vira um problema do ovo e da galinha. Você não consegue fazer um Orçamento que quebre o teto, porque senão é um crime de responsabilidade fiscal e, portanto, os gatilhos não são disparados, porque o teto não está furado na proposta de Orçamento. O teto de gastos tem de ter esses gatilhos disparados em algum momento e a melhor forma de discutir isso é com os gatilhos sendo incorporadas à regra de ouro, que já vem sendo violada e continuará sendo pelos próximos anos, o que garantiria a observância aos gatilhos.
Após a surpresa positiva com o PIB do segundo trimestre, os dados de atividade julho têm se mostrado mistos, com a produção industrial decepcionando, mas o varejo melhor do que o esperado. Como fica a projeção para o PIB?
Por ora, projeto 2,1% de crescimento do PIB para o ano que vem, o que considera a atividade ganhando força depois do fim do impulso do FGTS. Vemos uma queda mais visível na taxa de desemprego que favoreça o suporte ao consumo. O consumo privado, bem ou mal, é a única variável que tem dado apoio ao PIB há dez trimestres. Mas, para ver um impulso maior, precisamos ver a taxa de desemprego declinando e que isso permita um aumento da massa salarial. Além disso, na parte de crédito, a Selic está para atingir recordes de baixa. Isso também pode ajudar no ano que vem.
O movimento de queda global de juros pode estancar o processo de desaceleração global?
No Barclays sempre tivemos a perspectiva de um real depreciado neste ano por causa do ambiente externo. Nossa projeção hoje, como era há seis meses, é de R$ 3,90 para o dólar no fim do ano. Temos visto essa deterioração, mas não observamos o repasse disso para a inflação. A queda dos preços de commodities em geral, principalmente de energia, têm permitido que os preços domésticos absorvam a taxa de câmbio mais fraca, sem necessariamente causar inflação maior.