Mulheres na indústria cerâmica Ana Lúcia Bastos Mota, presidente da Cerbras

Cerbras, indústria sediada em Maracanaú, na Grande Fortaleza, e teve de assumir o comando da empresa depois de uma grande reviravolta na vida: a morte do marido, Tarcísio Mota, que não resistiu a um ataque cardíaco, em 1994. Eis a primeira grande reviravolta na vida da empresária, que mergulhou no universo cerâmico com ainda mais afinco e determinação.
Com 25 anos de desafios à frente da marca, a empresária acompanhou todas as mudanças econômicas, os sobe e desce de mercado, mas sempre com a inovação como diretriz. A Cerbras, que se tornou referência há quase trinta anos no mercado nacional e internacional quando o assunto são pisos e revestimentos cerâmicos, traz na história a força genuinamente cearense e atualmente exporta para mais de trinta países e Ana Lúcia esteve sempre lá, crescendo junto com a empresa, formando equipes realizadoras e dividindo as suas conquistas, dúvidas e receios com seus três filhos, que dividem a responsabilidade à frente das diversas diretorias, além de um corpo de colaboradores altamente competentes.
Em entrevista exclusiva à ANFACER, ela se revela sempre atenta às mudanças do mercado e faz questão de acompanhar todos os processos dentro da indústria. Aqui, ela fala da reviravolta na vida, já que não acreditava ser possível uma mulher conduzir um negócio com o perfil da indústria cerâmica. O tempo e as experiência do dia a dia mostraram que sim, as mulheres são mais fortes do que imaginam e, com disciplina, conseguem, e bem, conduzir grandes negócios. Fala ainda de suas percepções pessoais de forma objetiva e ensina como conduz as suas jornadas.
ANFACER: Mudar e estar atenta às grandes transformações tem de estar no DNA das grandes marcas. E redirecionar objetivos está na concepção da Cerbras, a começar pelo nome, que já foi Porto Velho, por exemplo. Como sentir que está na hora de se reinventar? Conte um pouco sobre a sua trajetória na empresa e como essas mudanças tornaram a marca mais forte?
Ana Lucia Bastos Mota: Com quase 30 anos de história, a Cerbras se reinventa todos os dias e, sem dúvidas, ficamos mais fortes com essas mudanças. Estamos sempre em busca de inovação. A empresa nasceu pelo sonho e visão do meu falecido marido Tarcísio Mota e depois que ele se foi, eu tive que tomar as rédeas do trabalho dele, que começou com loja de material de construção, a L Mota Companhia. Quando eu o conheci, ele tinha uma fábrica de mosaicos, a Mosaicos Mota. Posteriormente, em 1990, foi que ele fundou a fábrica de pisos e revestimentos cerâmicos. No princípio, por ser mulher, achava que não era capaz. Em seguida, vencendo os desafios, prestando muita atenção aos números e colhendo os resultados, percebi que nós mulheres administramos melhor porque, historicamente somos educadas para administrar, a casa, os filhos e, mesmo trabalhando, não deixamos de lado estas tarefas.
ANFACER: Qual o tamanho da empresa hoje em números (parque fabril, funcionários etc)?
ALBM: Ampliado nos últimos anos para atender a capacidade de produção e as novas linhas de cerâmica e porcelanato, o parque industrial da Cerbras possui 86.137,67m² de área construída e opera com produção diária de cerca de 93 mil metros de cerâmicas e porcelanatos. Atualmente temos mais de 900 funcionários.
ANFACER: Não é novidade que a indústria cerâmica, assim como tantos outros, é comandada por homens: da alta administração ao chão de fábrica, com as mais diversas formações e percepções de mundo. Para as mulheres, jogo de cintura é um dos requisitos obrigatórios. Pela sua experiência, quais os outros atributos que fazem mulheres de sucesso nesse segmento?
ALBM: Eu sempre digo que as mulheres são melhores administradoras pelas razões já relatadas acima. Acredito que a visão empreendedora dos homens é mais corajosa que a visão das mulheres. Porém, a mulher sabe administrar melhor. Temos um cuidado maior em olhar o todo e entender o funcionamento de cada coisa.
ANFACER: Equilíbrio, bem-estar e alto rendimento. Como conciliar esses três fatores tão importantes na vida de quem convive com pressões internas e externas?
ALBM: O sucesso de ninguém vem sozinho, é sempre resultado de uma equipe. Sempre busco ter um diálogo aberto com a minha equipe e descobrir com eles soluções para qualquer situação na fábrica.
ANFACER: As tomadas de decisão exigem uma visão micro e macro. E na Indústria cerâmica, quais os pontos que fazem com que a senhora acenda a luz verde, amarela ou vermelha para as suas equipes?
ALBM: Trabalhamos atentos aos índices de mercado e a procura. Estamos sempre receptivos aos feedbacks dos nossos clientes e lojistas. Eles vendem o nosso produto ao consumidor final e é deles que vem a opinião direta de quem usa o produto. Estamos sempre em busca de entender nosso consumidor e o mercado para saber onde estamos acertando e onde podemos melhorar, para assim garantir cada vez mais a satisfação de todos.
ANFACER: O que a inspira, no geral (exemplo: músicas, viagens, mulheres empreendedora, marcas nacionais e internacionais), para conduzir a sua rotina?
ALBM: Na realidade o que me inspira é ver os colaboradores crescendo, intelectualmente e financeiramente, contribuindo com isso para dar uma melhor educação aos seus filhos e para termos uma sociedade mais justa.
ANFACER: Quais os conselhos que você daria às mulheres quem desejam ou estão prestes a tomar frente de uma empresa ou cargo de decisão, seja familiar ou não?
ALBM: Que elas não tenham medo de apostar em si. Nós mulheres temos que confiar na nossa intuiç&atil