A Anfacer foi uma das apoiadoras institucionais do evento, cuja cerimônia foi realizada na FIESP, no último dia 02 de julho.
Denise de Pasqual
Economista com graduação pela Universidade de São Paulo, pós-graduação em economia do setor financeiro pela Fipe-USP e especialização em Administração para Graduados pela FGV, atuou como pesquisadora na Fipe e no Iesp (1992-1994). É Diretora Comercial da Tendências.
Como você traçaria agora a situação econômica de forma geral no Brasil?
A recuperação da economia está em curso, porém, de forma mais lenta do que todas as projeções apontavam. Muitos fatores contribuíram para essa mudança de curso, como a incerteza política e a paralização dos caminhoneiros que ocorreu em todo o Brasil no último mês
Quais os mercados mais promissores e em que momento a indústria cerâmica e da construção ganha relevância nesse cenário?
O momento é mais favorável para os setores com maior capacidade de exportação. O setor da construção civil, sem dúvida, é um dos que se enquadram nesse perfil.
É possível traçar um desenho sobre o marcado da Construção no Brasil? Qual seria ele?
O mercado da Construção Civil, assim como outros setores da indústria, passa por um momento de atenção. Sabemos que no início do ano, a expectativa de crescimento do setor eram 3%, porém, com o fator confiança fragilizado, esse prognóstico não deve se cumprir. Não é um momento alarmante, que exija situações drásticas, porém, é um setor que depende justamente deste termo (confiança) para alavancar.
O governo diz que o Brasil sai de sua maior crise econômica dos últimos tempos, qual a sua avaliação? Estamos realmente deixando a recessão para trás?
Sim, porém, de maneira mais lenta do que outros processos de recessão. Digo isso por que esta não é a primeira recessão econômica que nosso país enfrenta, mas, sem dúvida, tem sido o período mais longo. A previsão de crescimento do PIB é de 1,5%, ou seja, é uma baixa estimativa em comparação da recessão que estamos vivendo.
Quais os cenários futuros quando assunto é economia e política no atual momento do Brasil?
Temos a possibilidade de dois cenários eleitorais pela frente, ambos irão impactar no rumo da economia do país. Ou alguém que seja eleito e tenha um comprometimento com processos e agenda para resolver as questões mais imediatas no momento, como déficit orçamentário e baixa da taxa de juros, por exemplo. Precisa ser uma pessoa com grande capacidade de articulação e apoio e que consiga tocar as reformas necessárias. Do contrário, nenhum cenário é favorável em relação ao crescimento econômico do país.
Alta do dólar, economia norte-americana em crescimento, alguns Países da Europa que voltam a crescer. Quais os destinos do Brasil a médio e longo prazo, diante desse cenário internacional?
Se enxergarmos este cenário a curto prazo veremos um certo otimismo para a economia brasileira, que é a política de exportação. Com um quadro mundial positivo, os setores que investem e trabalham para fortalecer a prática de exportar seus produtos, podem ser beneficiados como uma alternativa de crescimento para os próximos dois anos.
Por outro lado, a médio e longo prazo, poderemos ver mais protecionismo, países mais fechado às negociações e um momento mais frágil para trocas comerciais.
Quais as medidas que o Brasil tem de tomar e as dores que tem de encarar para que o crescimento volte com força?
Sem dúvida para uma retomada do crescimento econômico, precisam acontecer reformas. A tão falada reforma da previdência é a palavra-chave para, por exemplo, equalizar o déficit fiscal. A reforma tributária também é necessária em questões como simplificar os tributos, diminuir burocracias para abertura de empresas. E, aliado a isso, a manutenção da reforma política econômica.
E o cenário eleitoral, quais os movimentos que você prevê que o mercado fará com os possíveis vencedores da corrida eleitoral?
Como o mercado reagirá às eleições?Como já dito anteriormente, tudo depende do perfil de quem for eleito e as pesquisas atuais ainda não dão indicativos mais concretos de qual será o rumo destas eleições. O cenário ideal é a eleição de alguém de centro-direita, que saiba articular posições e angariar apoio para definição e realização de reformas e projetos favoráveis economicamente. O próximo presidente terá que fazer um grande trabalho de desconstrução de imagem do atual governo. O que mercado não vê com bons olhos, são políticas extremistas, portanto o melhor dos mundos seria a eleição de alguém de centro-direita, nem conservador e nem populista demais.