Porcelanatos de grandes formatos: nova realidade e desafios

O Brasil é protagonista no mercado de revestimentos cerâmicos internacional, sendo o terceiro maior produtor e consumidor de placas cerâmicas do mundo, atrás somente da China e Índia. Dentre as várias tipologias de produtos fabricados pela indústria nacional como fachada, piso, parede, porcelanato esmaltado e porcelanato técnico, destaque especial deve ser dado aos porcelanatos esmaltados, cuja produção e preferência comercial tem apresentado curvas crescentes nos últimos 10 anos.
Nesse contexto, as placas cerâmicas de grandes formatos já não se caracterizam mais como uma tendência mundial, mas sim uma realidade internacional. Por isso, são muitos os desafios que o setor cerâmico brasileiro e mundial enfrentam em relação à adequação das normalizações, tanto em relação aos ajustes dos requisitos técnicos como em relação às metodologias de ensaios de produto acabado.
Em uma apresentação feita recentemente na abertura do maior Congresso Mundial de Placas Cerâmicas (Qualicer 2018), foram apresentados dados da evolução dos tamanhos dos porcelanatos nas últimas quatro décadas. Nos anos 80, por exemplo, era muito comum encontrar porcelanatos com lado maior de 15 cm e atualmente não há limites, já que as novas tecnologias de fabricação permitem a produção de peças de lado maior superior a 3,5 m. Mudanças radicais também ocorreram nas espessuras dos porcelanatos, hoje podemos encontrar no mercado produtos com espessura variando de 3 a 20 mm.
Quando o assunto envolve normas internacionais em placas cerâmicas, a referência é o Comitê Técnico ISO/TC 189 – Ceramic Tile, com 28 normas publicadas (10 em desenvolvimento) e conta com 30 países membros participantes, inclusive o Brasil, e 26 países membros observadores. Importante mencionar que nos últimos 10 anos o Brasil esteve presente em todas as reuniões do Comitê ISO/TC 189 com uma delegação técnica bem atuante e sediará a próxima reunião em novembro de 2018.
O desafio maior neste momento é adequar os métodos de ensaios para peças de grandes formatos. Para os ensaios que já contemplam o corte de corpos de prova como resistência ao impacto (ISO 10545-5), resistência à abrasão superficial (ISO 10545-7), resistência à abrasão profunda (ISO 10545-6), expansão térmica linear (ISO 10545-8), expansão por umidade (ISO 10545-10), resistência química (ISO 10545-13) e resistência ao manchamento (ISO 10545-14), não há problemas em continuar sendo utilizados os métodos atuais, independente do tamanho da placa cerâmica. Porém, para métodos de ensaios que contemplam o uso de peças inteiras, a situação se torna bem crítica.
O CCB, Centro Cerâmico do Brasil, com apoio da ANFACER e ASPACER, fez um estudo técnico para auxiliar a desenvolver um novo método de medição de características dimensionais utilizando um braço a laser tridimensional. Esse equipamento foi proposto pelo Centro Cerâmico de Bologna (Itália) junto ao ISO/TC 189 e, nós, do Brasil, estamos apoiando esta mudança.
Com esse novo braço, muito utilizado na indústria automobilística, foram testadas diversas amostras de diferentes fornecedores e analisadas por meio de duas metodologias de medição. A primeira é o sistema de toque, ou seja, encostando o equipamento na peça, outra por escaneamento a laser de cada peça e envio automático das dimensões para o software.
Há mais de 10 anos, o setor brasileiro de placas cerâmicas para revestimento atende as normas internacionais e realiza um significativo trabalho de contribuição técnica no âmbito internacional para deixar as normas ISO mais restritivas e, desta forma, obter um crescimento contínuo da qualidade. São inúmeras as revisões para a adaptação das peças de grande formato e, tudo isso, está sendo estudado com o intuito de contribuirmos cada vez mais com a qualidade dos nossos produtos